26 novembro 2007

O Cavalo Blanco



Cambaleando como um bêbado,
Ele desce a rua sem pretensões.
O casco solto ao som do potoque
Nos paralelepípedos, nas pedras soltas,
No ritmo cadente do seu trotar preguiçoso.
De cabeça baixa, jeito manhoso,
Vê-se que há muito abandonou a sela
Ou a cangalha de puxar carroças.
Chicoteia as moscas com o seu rabo pomposo
Descendo a rua em direção ao largo
Para comer capim verdinho no terreno abandonado.
A molecada o chama de Blanco
Como se bem marrom também não fosse.
Um Blanco bem do malhado.
E o danado parece entender
Que falam dele lá do outro lado.
Mas o Blanco é um cavalo snobe...
Se gaba de ter sido tropeiro,
Ter tido dono fazendeiro,
Ou quem sabe foi um corredor ligeiro
Montado por algum jóquei?
Potoque-Potoque-Potoque.
Mas o Blanco, como um garoto vadio,
Só quer saber de ficar no terreno baldio
E sempre se faz de desentendido;
Dá de crinas pro chamado.
E segue eu sua caminhada lenta
P o t o q u e......p o t o q u e......p o t o q u e
Certo de que ninguém o provoque,
Exceto as mesmas moscas de sempre
Que ele abana com o seu rabo castanho.

7 comentários:

Carolina Cristina disse...

Ótima, dá até vontade de procurar Blanco pelas ruas...
Bjos...

Anônimo disse...

amo cavalos e sua descrição foi tão perfeita que cheguei a ouvir Blando nas pedras.

beijos

Letícia Losekann Coelho disse...

Que coisa linda o que escreveste...gostei...adorei...amei!!
beijos

Marrie disse...

Pelo visto, voltou a inspiração!
Que bom.
bjs

Ricardo Rayol disse...

Se está sem inspiração imagino quando a tiver.

Obrigado pela visita e realmente a gente vai se esbarrando pelos blogs, a bosta de vaca é o maldito tempo que impede de ampliarmos nossos horizontes internéticos

grande abraço.

Letícia Losekann Coelho disse...

Prêmio pra ti lá no blog meu bem!!
beijos

Lunna Guedes disse...

O som das patas me remete as montanhas e que pena que voltei.
Abraços