10 agosto 2008

Pai

O que eu diria ao meu pai no dia de hoje
Se em tantos anos nada nos falamos,
Se em tanto tempo nada encontramos
Que nos aproximasse como pai e filho?
E nesse dia o que eu daria a ele
Se nunca soube de seus gostos ou os livros que lia,
Se nunca vi seu pranto ou o motivo da alegria?
Ele que nunca viu meus presentes da escola.
Eu que nem lembro se os fiz um dia.
Ele que nunca viu meu choro ou medo ou frio.
Eu que nunca ouvi de sua voz bronca ou euforia.
Ele que por toda minha vida passou calado.
Eu que por dentro tremia sem entender o porquê.
E nesse dia que encontra em festa
Famílias inteiras e mesmo famílias partidas,
Eu penso no pai que nem sei se realmente tive,
E busco a lágrima que não rolou dos meus olhos

E o soluço que não brotou no meu peito
Pelo pai que se foi como se nunca tivesse chegado.
Sem saudades nem mágoas,
Eu penso na minha vida, para ele perdida,
Por nunca ter estado ao meu lado.

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Excelente! Eu gosto muito de sua poesia. Vou pedir autorização para colocar uma escolhida no meu blog.