06 agosto 2008

Campos dos Goytacazes


Nem sabes mais como me encontro agora
Nesses tempos tortos em que no mundo afora
Tantos vagam no tempo sem lembrar memórias,
Doces ou saudosas passagens simplórias.
Chama-me agora pelo nome que bem queiras.
São fagulhas soltas, cinzas em poeiras
Que voam cintilando pelos céus de novembro,
Cruzando estradas que hoje nem me lembro,
Mas que sempre estiveram sob meus pés de criança.
Recordações, campos amplos, ampla lembrança.
Do cheiro doce da cana espremida,
Do açúcar, dos treminhões, da velha ermida
Do caminhar a beira da estrada
Ás orações de domingo à madrugada.
São sons de pássaros, estridentes pequeninos.
São sons de gritos, algazarra de meninos,
Que ouço todos no espaço do meu quarto,
Enquanto conto contas, farto
Desses dias que já se vão iguais
Sem poesia, infrutíferos, banais.
E se agora, ao rever esses barrancos,
De um gado enfileirado em pontos brancos,
Voltarem aqueles sonhos incapazes?
É só pra ver de novo os amplos Goytazes,
Os campos verdes debruçados na cidade
Que eu amei em uma outra idade.

2 comentários:

Fábio Mayer disse...

Linda homenagem à cidade!

Obrigado pela visita "lá em casa".

J. Sepúlveda disse...

Belo texto, belíssima foto. Todo o encanto do campo, da poesia de quem trabalha a terra: "Recordações, campos amplos, ampla lembrança".