06 outubro 2008

Remorso

Eu preciso escrever!
Escrever sobre essa dor,
Mas não somente.
Essa dor vívida, pungente;
Essa chaga em brasa me queimando.
Dor lancinante, vigorosa,
Sentida em verso e prosa
Que se agarrou ao meu peito
E cravou suas oito garras negras
Do arrependimento.

Eu preciso escrever na dor certeira,
Flecha ligeira
Que meu corpo transpassou.
Na dor moléstia grave,
Essa doença,
Essa ausência,
Razão do meu abatimento.
Sigo andando pelas ruas,
Chagas abertas,
Remoendo a dor que inunda,
A dor funesta,
A dor da morte prematura
Feito esse amor inerte e frio
Preso ao coração por um pavio -
Um bloco bruto de granito negro.
E me debato pela escuridão,
Moribundo insone,
Lutando contra a minha própria alma
Uma batalha que já sei perdida.
Mas fugir no som do mundo
Para sufocar essa saudade
De nada adianta, pois
Uma dor renascida me invade
Nas madrugadas longas
A gritar teu nome.

2 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Pungente como a própria dor.

Sonia disse...

Lindo! Pode-se sentir a dor, como algo tangível.