03 julho 2007

Rouxinol

Hail to thee, blithe spirit! Bird thou never wert!

Shelley

Nunca fui de entender de sentimento.
Mas nesse canto, não mais que emudecia.
Calaram-se também o corvo, a cotovia,
Pois rouxinol vai murmurar seu sofrimento.

O pássaro tristonho pendurado ao vento
Voava pro horizonte enquanto anoitecia
Cantando ao longe um canto que sumia,
Que do meu quarto acompanhava atento.

Ele, ancorado na descampada ermida,
Do telhado lembrava milagrosamente à vida
Que na tristeza jamais estamos sós.

E o rouxinol no mavioso canto
Não saberia que seu sofrido pranto
É só o eco da minha própria voz.


(julho/07)

3 comentários:

Eduardo Levy disse...

Belo poema.
Parabéns pelo blog.

Letícia Losekann Coelho disse...

muito lindo!!

Anônimo disse...

Belo momento de poesia, o último terceto está digno de se lhe tirar o chapéu! :)