05 julho 2007

A dama na janela

Mas, ah! nenhuma teve o teu encanto,
Nem teve olhar como esse olhar, tão cheio
De luz tão viva, que abrasasse tanto!
(Olavo Bilac)

Lá estava ela,
Flor de jasmim incandescente
Repousada inocente
Na sacada da janela.
Nem poderia imaginar
Que andando na calçada em frente
Um jovem andarilho tinha em mente
Mil pecados sem ousar contar.
Aceno meio displicente.
Ela responde com um sorriso no olhar.
A lua crescente e quase cheia
Lhe aumentava o brilho dos cabelos
Negros, novelos profundamente abissais.
E o seu perfume tinha o hálito
De um campo de rosas vermelhas
Na aurora das manhãs outonais.
As finas mãos e aqueles leves cotovelos
Tão alvos, tão belos, tão meus em pensamento,
Tocavam o azul da moldura da aquarela
De onde o seu sorriso,
Colar de Pérolas,
Iluminado, iluminava à noite
As ruas de pedra do velho casarão em Tiradentes.
E na janela, aberta pro infinito,
Nem mesmo a Via Láctea cintilaria como ela.
Tal qual uma chama num quadro fluorescente
Paira, linda, a minha donzela.
Ó bailarina dos meus sonhos!
Ó Deus dos mundos!
Quem fez esta mulher tão bela?

Um comentário:

Anônimo disse...

O amor é lindo e faz escrever palavras hiperbolicamente belas e apaixonadas! :) Belo poema, bela declaração.
Bjs