05 junho 2007

Musa Consolatrix (1864) (Machado de Assis)


Uma lembrança de nosso maior escritor, Machado de Assis. Publico um poema em homenagem ao excelente artigo do blog Literatura & Rio de Janeiro do professor Ivo Korytowski sobre o Morro do Livramento com fotos da região. O blog do Ivo está na minha sessão de sites favoritos sobre o Rio de Janeiro aí ao lado. Acesso todos os dias e recomendo-o aos apaixonados pela cidade maravilhosa. Excelente!

Musa Consolatrix (1864)

Que a mão do tempo e o hálito dos homens
Murchem a flor das ilusões da vida,
Musa consoladora,
É no teu seio amigo e sossegado
Que o poeta respira o suave sono.

Não há, não há contigo,
Nem dor aguda, nem sombrios ermos;
Da tua voz os namorados cantos
Enchem, povoam tudo
De íntima paz, de vida e de conforto.

Ante esta voz que as dores adormece,
E muda o agudo espinho em flor cheirosa,
Que vales tu, desilusão dos homens?
Tu que podes, ó tempo?
A alma triste do poeta sobrenada
À enchente das angústias;
E, afrontando o rugido da tormenta,
Passa cantando, alcíone divina.

Musa consoladora,
Quando da minha fronte de mancebo
A última ilusão cair, bem como
Folha amarela e seca
Que ao chão atira a viração do outono,
Ah! no teu seio amigo
Acolhe-me, - e terá minha alma aflita,
Em vez de algumas ilusões que teve,
A paz, o último bem, último e puro!

3 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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