06 fevereiro 2010

Remorsos Velhos


(Cemitério de Montparnasse - París)

Os olhos turvos como o inverno
Na solidão da noite pairam, imersos,
E na escuridão vagam, perversos,
Sondando as almas pelo inferno.

Ingratidão veste este novo terno
E, na romaria negra dos regressos,
Presenteia os aflitos com esses versos -
Poeta do sombrio pátio interno -

E guarda'inda essas funestas dores
Num corpo com Deus em nada parecido -
A negra flor em um ermo cemitério -

Deixado só sem velas e nem flores,
Um epitáfio ao mármore esquecido,
Ornado por um seco vaso velho.

Um comentário:

Sonia disse...

Frio, solidão e abandono...
Quanto mais leio, mais me encanto...