31 julho 2008

Muros (Konstantinos Kaváfis)


Sem cuidado nenhum, sem respeito nem pesar,
ergueram à minha volta altos muros de pedra.

E agora aqui estou, em desespero, sem pensar
noutra coisa: o infortúnio me depreda.

E eu que tinha tanta coisa por fazer lá fora!
Quando os ergueram, mal notei os muros, esses.

Não ouvi voz de pedreiro, um ruído que fora.
Isolaram-me do mundo sem que eu percebesse.

(tradução de José Paulo Paes)

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

José Paulo Paes foi ímpar. Tradutor, poeta e ensaísta de primeira. Não apenas Kaváfis, mas outros gregos chegaram aqui graças ao trabalho (reconhecido lá na Grécia) desta personalidade importantíssima para a literatura. Tive a honra de ser sua amiga e resenhar 9 livros dele para o Suplemento Cultural do jornal A TARDE. Infelizmente, também escrevi sobre ele por ocasião de sua morte. Além de ter me orientado na feitura do meu livro sobre o poeta Sosígenes Costa.
Para José Paulo Paes tiro o chapéu, estendo o tapete vermelho e enalteço sua memória. Sempre.