29 setembro 2007

Tempo Perdido




Por onde andarão os amigos que deixei,
Os amores que vi ou que me viram partir
E dos quais nada mais encontro
Além da saudade que por breves instantes
Emerge de lembranças já cauterizadas pelo tempo?

Por onde andarão as virtudes esquecidas,
Os vícios da minha juventude
Plenamente acompanhados de dores e prazeres,
De livros e caminhos, sucessos e fracassos?

Por onde andarão as memórias de outros dias,
De outra década, de outra infância,
Não desta que vivo agora em corpo embrutecido,
Mas daquela em esqueleto de menino
Cuja semelhança se dá apenas pela dúvida,
pela indecisão e incertezas no futuro?

De que adiantam meus esforços,
Minha energia despendida em coisas sem importância
E que o tempo se encarregará de desbotar
Até as nódoas mais encardidas dos aborrecimentos
De um cotidiano em quase tudo vulgar
Querendo devorar até a Fé em meus valores?

De que adiantam os pequenos prazeres
Com os quais anestesio meus sentidos,
Minhas dores e dissabores,
Se bastam alguns segundos para a realidade se colocar
Como a única grade e cela de minha vida?

De que adiantam esses dias
Tão vagos, Vazios em tudo,
Tão mal vividos?

De que servem essas palavras,
Rabiscos surgidos numa manhã de domingo
E que não significam nada?
Nada resolvem -
- São lamúrias do meu tempo perdido.

Um comentário:

Letícia Losekann Coelho disse...

Muito lindo...sempre gosto de passar por aqui para viver um momento de calmaria!!bjs