16 agosto 2007

Corredeiras

Mira essas colinas verdes
De onde o vento espalha
Um movimento ondulante pelos ares.
Mira esse riacho doce
E a correnteza a murmurar
Doces canções de amores
Que até hoje escuto no cair da noite.
Daquelas noites que perdemos tempo -
Daquele tempo que nos perdemos em nós
Tentanto nos encontrar depois de tantos desencontros.

Na beira do doce riacho
Eu cantei teu nome, colhi estrelas e cultivei tempestades.
E tu me destes a melodia de teu coração
Enquanto eu adormecia ainda arfando
Sobre o teu seio nu.
Naquelas noites quase insones
O mundo era só nosso - nosso pequeno mundo
E o tempo escorria ligeiro
Como a água entre as pedras do rio.
Como eu que também percorria afoito
As pedras lisas de tuas pernas e coxas.

Mira esse último luar que ja não encontra nós dois
Ali, no leito, no rio...
Recorda também essa saudade
Que me desperta e remete ao passado.
Que me ensinou a amar todas as corredeiras e chuvas.

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