04 outubro 2007

Selena





Vou te perguntar baixinho
Por sob os vidros da janela aberta:
- Que fazes aí, fitando-me ao longe
No horizonte, a face descoberta?
Por entre nuvens, brumas azuladas
Tu te esgueiras pela madrugada
Deslizando em lânguido crescente
Sobre o piso imbuía do meu quarto.
E tua luz, pálida e ligeira,
Lança nas sombras do meu sono maculado,
Por entre venezianas pequenas,
O frescor de tua boca sedutora
No hálito da noite perfumada
Em teu baton brilhante de estrelas.
Tocas meu corpo em parte descoberto
Se insinuando sobre a borda do lençol
Em sinuosas curvas envolventes.
Retraio-me avesso à carícia inesperada,
Mas tu me persegues pela cama alva
Deslizando tua pele leve pela minha seca
Minuto a minuto no altar das horas.
E seduzido me rendo aos encantos
E caprichos daquela face avermelhada
Enquanto ela toca em minha boca,
Abrasa meus sentidos dormentes
E, cambaleante e tonta, fita-me os olhos
Deixando à mostra o seu Mar da Tranquilidade
Na silhueta cheia de beleza plena.
E eu só me lembro de perguntar já num mumúrio:
- Que fazes aqui? Qual é teu nome?
Ela sorriu e chegando em meus ouvidos
Sussurou na brisa da manhã vindoura:
- Dorme menino nos braços de Selena!

3 comentários:

Letícia Losekann Coelho disse...

Sempre vem a calhar ler o que tu escreve, já disse várias vezes mas vou repetir...me acalma!!! bjs

Saramar disse...

Alexandre, belo e feminino retrato da lua.
São imagens tão belas, envoltas em mágica musicalidade.
Li em voz alta e gostei imensamente.

beijos

Carolina Cristina disse...

Lindo... É como ir para cama, quando criança, e a mãe ir contar uma história para gente dormir...
Bjos...