09 maio 2007

Rua do Riachuelo




















Rua do Riachuelo em 1915 e 2006


Em minha última visita ao Rio de Janeiro, voltei a andar pela Rua do Riachuelo nas proximidades do Bairro de Fátima onde residia antes de vir morar em São Paulo. Foi com uma agradável surpresa que reparei tapumes cercando o chafariz no número 173 onde funciona a fabrica das Persinanas Planalto. Há cerca de 2 anos eu mesmo enviei email para a Prefeitura e para o IPHAN solicitando a reforma do monumento em virtude das obras de revitalização daquele área que estavam sendo realizadas, mas pareciam não contemplar a antiga bica.

A história da rua e do chafariz, assim como tantas outras do centro do Rio de Janeiro, remonta ao século XVI, XVII. Reproduzo um pequeno trecho por curiosidade. Mais informações podem ser encontradas nos links na sessão Rio de Janeiro.

Na segunda metade do século XVI, as pedras jesuítas já possuíam dois engenhos de açúcar: o 'Velho", no local onde hoje se encontra a Igreja de São Francisco do Engenho Velho, na Rua São Francisco Xavier, e o "Novo", que deu o nome ao atual subúrbio de Engenho Novo.

O acesso a eles se fazia através de um caminho que, saindo dos Arcos, contornava o Morro do Desterro (hoje Morro de Santa Teresa) e atingia a Lagoa da Sentinela (compreendendo até o atual largo onde se cruzam a Avenida Mem de Sá, a Rua Frei Caneca e a Rua de Sant'Ana), procurando a antiga aldeia de Martim Afonso, o Araribóia. Daí, a trilha seguia rumo aos engenhos e a São Cristóvão. Por esse motivo recebeu, originariamente, as denominações de Caminho que vai para o Engenho Pequeno, Caminho para a Lagoa dos Sentinela e Caminho que vai pare São Cristóvão. No final do século XVII, à esquerda deste caminho, havia uma grande chácara que possuía uma bica para uso dos viajantes. Em conseqüência, passou a ser conhecido como Caminho da bica. Tortuoso, cheio de barrancos e atoleiros que dificultavam a passagem dos animais e muitas vezes os matavam, o Caminho da Bica mudou seu nome para Caminho (ou Estrada) de Mata-Cavalos. Em 1848, de estrada passou a ser rua. Tendo sido substituída aquela primitiva bica por um chafariz, em 1772, e sendo dotada de um outro, construído em 1817 pelo Desembargador do Paço e Intendente Geral da Polícia, Paulo Fernandes Viena, após conseguir a doação do terreno do Tenente Coronel Cláudio José Pereira da Silva. Segundo o arquiteto Augusto Carlos da Silva Telles, as dimensões do Chafariz foram reduzidas pelas várias reformas, "que lhe conservaram, no entanto, em muita boa cantaria, o tanque, as pilastras e a cartela com os dizeres: - O Rei por bem de seu povo M.F.E.O (mandado fazer e oferecido) pela Polícia - 1817".

A rua foi aberta em terrenos altos e secos quando a maioria das ruas cariocas se constituía ainda em verdadeiros pantanais logo se transformou a Rua de Mata-Cavalos numa das preferidas da gente rica ou fidalga. Caracterizava muito bem a vida urbana dos anos 800, no Rio de Janeiro. De tal modo que Machado de Assis faz-lhe várias referencias em suas obras, localizando nela, entra tantos personagens, Capitu, a protagonista de Dom Casmurro, um dos mais discutidos romances da literatura brasileira.

Em 4\7\1875, numa homenagem "aos feitos brilhantes da armada nacional no dia 11 de junho nas águas do Paraná", durante a Guerra do Paraguai, a Câmara Municipal propõe a mudança do nome da Rua de Mata-Cavalos para Rua Riachuelo. Onze dias após, a proposta foi aprovada por portaria do ministro do Império.

Bastante ligada à vida do antigo Morro do Desterro, a Rua Riachuelo tem suas tradições e histórias. Antes dos bondes sobre os Arcos, era por ela que melhor se subia a Senta Teresa. Na altura da Rua Francisco Muratori de nossos dias, inaugurou-se, em 1883, um elevador pare Paula Matos, servido por uma torre de 38 m. Nas suas proximidades na Ladeira do Castro, ficava a estação do plano inclinado do Engenheiro Januário Cândido de Oliveira, que deu origem ao nome da travessa que faz a conexão entre a ladeira e a Rua Monte Alegre.Nesta, moraram e morreram o republicano Benjamim Constante e o Conselheiro Andrade Figueira, monarquista, preso em 1900 sob a acusação de chefiar uma conspiração contra a República. Em 1937, ainda na Rua Monte Alegre, foi edificada, pelos russos brancos, a Igreja Ortodoxa de Santa Zinaida. Quase na sua esquina com Riachuelo, o povo podia tomar banhos frios de cachoeira, numa casa famosa do Rio Antigo, com vasta chácara onde havia um pequeno jardim zoológico.

Ao tempo de Dom Pedro II, na Rua Silva Manuel (atual André Cavalcanti) ficava o consultório do Dr. Mateus de Andrade, médico que, em 1869, neste local e com a ajuda de seu assistente, Dr. Andrade Pertence operou a perna do poeta Castro Alves. Em 1870, Transferiu-se para a Rua Mata-Cavalo definitivamente, o hospital da Ordem do Carmo, fundado em 1773. Em 1930, a Rua Riachuelo assistiu a um crime político: um paraibano exaltado matou a tiros o Deputado João Suassuna, julgando-o responsável pelo assassinato de João Pessoa, no Recife.

5 comentários:

Ivo Korytowski disse...

Na rua Matacavalos morou Bentinho, também conhecido como Dom Casmurro!
Parabéns pelo blog! Já incluí um link para ele no meu. Faça um teste!

Anônimo disse...

Foi de muita ajuda as informações postadas em seu blogger!!!!! Estava ajudando minha afilhada em um trabalho e encontrei o que precisava!!!
Obrigada!
Bjos

Anônimo disse...

Foi de muita ajuda as informações postadas em seu blogger!!!!! Estava ajudando minha afilhada em um trabalho e encontrei o que precisava!!!
Obrigada!
Bjos

Anônimo disse...

Obrigadíssima!!!!!!!!

=D

VERA ESTEVES disse...

EU VIAJO LENDO O POST E TUDO QUE ME REMETE AO PASSADO QUE ÀS VEZES NEM VIVI. PARABÉNS