31 outubro 2007

As Estações


Na Primavera
Tu me trouxeste
Tua fronte ornada de flores
E nos amamos nos campos
Entre margaridas e violetas.
Nós dois, dois sem vergonhas,
Nem tão jovens nem adultos,
Debaixo do calor do Sol,
Envoltos no hálito das manhãs.
Eu, como um beija-flor sedento,
Espalhei o pólen do meu amor
Ora em tua boca
Ora em teu seio,
Teus flancos,
Teus sulcos.

No Verão
Tu me trouxeste
Tua fronte brilhante e suada
E nos aventuramos por praias desertas,
Por loucas e imensas jornadas
Bebendo, cantando, dançando
E fazendo amor até romper a alvorada.
Eu, como um esquilo inquieto,
Escalei teu corpo,
Aqueci-me ao Sol do teu calor,
Deslizei dos teus pés à cabeça
E refresquei minha sede intensa
Na saliva do teu amor.

No Outono
Tu me trouxeste
Tua fronte repleta de ventos.
E nós dois, como folhas tontas,
Balançamos em rodopios cinzentos.
Ainda nos amamos como nos velhos tempos,
Mas de morno, eu senti frio
E esse meu desconforto - sentimento torto -
Anunciava o que estava por vir.
Eu, como uma formiga ligeira,
Fugi sorrateira,
Não quis ficar mais ali.

No Inverno
Tu me trouxeste
Tua fronte ferida e distante,
E já não havia amor que curasse
As dores que te fiz sentir.
Só chuvas e lágrimas,
Um frio cortante
Sem cor e sem riso.
Eu, como um rouxinol triste,
Já não te queria aqui
E depois de um canto sem viço,
Alcei vôo e parti.

12 comentários:

Letícia Losekann Coelho disse...

lindíssimo e inspirador!
beijo :)

Marrie disse...

Que bom q reconsiderastes......

Esse poema belíssimo reflete, infelizmente, a sequência de sensações q se vive nos relacionamentos. A maioria dos casais inicia a relação como na primavera e acaba, por vezes mesmo sem separação, a viver um triste inverno.
Gostaria q as pessoas entendessem q só cabe a nós fazermos c/q haja sempre "primaveras"!
bjs c/cheirinho de flores

Carolina Cristina disse...

lindamente escrito...

bjos.

Letícia Losekann Coelho disse...

Querido estou passando para te dar uma notícia triste. A Saramar me enviou um e-mail dizendo que o CAntonio do Blogando Francamente faleceu! Como sei que tu visitava o blog dele achei por bem te avisar!
beijo

Saramar disse...

Alexandre, perdão por não me referir ao poema.
Fiquei sabendo hoje também.
Estou tão chocada e tão triste.
Além do lutador incansável, ele era um grande amigo.
Escrevi lá no meu blog de política sobre essa tristeza.

beijos

Ricardo Soares disse...

alexandre... gostei tanto do seu comentário sobre o feuapá da copa de 2014 que ele virou post...grato pela visita e colaboração que só melhora meu blog... abs
ricardo

Da C.I.A. disse...

Alexandre, como você obteve esta informação sobre o C. Antônio?
Torço para que seja um engano.

Anônimo disse...

Oi! Vim retribuir sua visita.
São belos os teus poemas, vc fala de amor com leveza. O poema Amor incontido é maravilhoso o amor e suas pequenas alegrias.

Abraços

Saramar disse...

Alexandre, há poemas tão belos e completos quanto a vida.
E, como a vida, dão lindos e doem, esses versos.
Estão todos aqui neste belíssimo poema.

beijos, bom domingo

Regina Brasilia disse...

Cheguei a me emocionar. Porque é cru e leve. Não sei como é possível! Lindo!

Unknown disse...

Quem é o autor desse belo poema "Estações"?

Alexandre Core disse...

Petrônio Caldas, esse poema é meu mesmo. Quando não há descrição do autor ao lado do nome dos poemas é porque são de minha autoria. Obrigado