Fechou-me a solidão como mortalha,
Fazendo paralíticos os meus sentidos.
Num negro e vasto limbo de amarras
Abateram-se sobre esses ombros lisos,
Fardos, pesos soltos a reabrir as chagas.
A Depressão, silenciosa Dama dessas horas,
Minha visita no corredor das madrugadas,
Que se por acaso me encontra entorpecido,
No leito sujo, quase adormecido
Por sobre pilhas de livros, cantando
Uma história que não conto agora,
É porque é uma velha conhecida
A visitar o paciente desse quarto.
Mas não traz sopas nem ungüentos
Só a Solidão em pratos rasos.
E como lhes transbordam os lamentos
Ao sabor acre daquela tirana senhora
Espreitando-me ao pé da cama
E aguardando a minha morte
Que não chega, mas também não tarda.
Afasta-te de mim, madame peçonhenta!
Segue o teu caminho atormentando os mortos!
Arranca do meu peito essa dor cinzenta!
Afaste-te, sorrateira, dessas cobertas coloridas,
Pois vejo tuas intenções acobertadas
Na ironia maligna desse teu riso tísico
E no dedilhar desses teus dedos tortos.
Chagas, dores, febres, cem feridas
E esse cheiro nauseante de enxofre
Que se espalha pelo espaço físico.
Será o meu martírio, será o meu açoite
Esperando enganar meu medo hirto
Do enganador que me aguarda?
Cheiro pútrido, odor embolorado,
Fumega a carne, o fogo não se apaga,
E eu aqui fitando as fuças do Diabo.
Socorre-me, longa e ingrata madrugada,
Por que não trazes logo a luz do dia?
Por que não me adormeces mais?
Por que tenho que ficar na companhia
Da Solidão, da Depressão
E desses seres infernais?
Fazendo paralíticos os meus sentidos.
Num negro e vasto limbo de amarras
Abateram-se sobre esses ombros lisos,
Fardos, pesos soltos a reabrir as chagas.
A Depressão, silenciosa Dama dessas horas,
Minha visita no corredor das madrugadas,
Que se por acaso me encontra entorpecido,
No leito sujo, quase adormecido
Por sobre pilhas de livros, cantando
Uma história que não conto agora,
É porque é uma velha conhecida
A visitar o paciente desse quarto.
Mas não traz sopas nem ungüentos
Só a Solidão em pratos rasos.
E como lhes transbordam os lamentos
Ao sabor acre daquela tirana senhora
Espreitando-me ao pé da cama
E aguardando a minha morte
Que não chega, mas também não tarda.
Afasta-te de mim, madame peçonhenta!
Segue o teu caminho atormentando os mortos!
Arranca do meu peito essa dor cinzenta!
Afaste-te, sorrateira, dessas cobertas coloridas,
Pois vejo tuas intenções acobertadas
Na ironia maligna desse teu riso tísico
E no dedilhar desses teus dedos tortos.
Chagas, dores, febres, cem feridas
E esse cheiro nauseante de enxofre
Que se espalha pelo espaço físico.
Será o meu martírio, será o meu açoite
Esperando enganar meu medo hirto
Do enganador que me aguarda?
Cheiro pútrido, odor embolorado,
Fumega a carne, o fogo não se apaga,
E eu aqui fitando as fuças do Diabo.
Socorre-me, longa e ingrata madrugada,
Por que não trazes logo a luz do dia?
Por que não me adormeces mais?
Por que tenho que ficar na companhia
Da Solidão, da Depressão
E desses seres infernais?
3 comentários:
Fantástico Alê!! Achei o máximo... trata da solidão e da dor de uma maneira que dá para sentir sabe...
beijos meus
Nossa, eu pensei: "Fantástico". Abro os comentários para colocar o meu e o que encontro? Tita exclamando meu pensamento!
O poema é incrível, com força e poder de tomar o leitor. Você é um poeta pronto. Posso perguntar? Já tem livro? Caso não, está mais do que na hora.
E cadê o poema de Faustino? Já esqueceu, foi? Pois eu tratei de esquecer para não ficar agoniada. Um dia lá e ele aparece.
E porque a solidão tem de ser infernal??? Rsss...
eu até gosto de um pouco solidão, às vezes...
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