Dai-me essa água clara
Dos céus tombada,
Água das tardes de verão
Que me encontram agora.
Dai-me mundos,
Céus escuros e trovoadas
E essa torrente de água
Encantada, faíscas prateadas
Sob a luz da minha cidade.
Dai-me esses sons rolantes,
Pingos em castatas
Sobre telhas de argila, zinco
E amianto,
Dai-me esse pranto
Próprio dos salões da igreja,
Testemunhas do retalhar nos vitrais.
Dai-me a certeza da chuva que cai
Em tardes quentes de mormaço
Que recolhe os passarinhos,
Mas liberta as crianças
Nas poças d’águas,
Meias encharcadas,
Gargalhadas de moleques,
Ventos repentinos,
Pipas para sempre perdidas,
Infância brevemente reencontrada.
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4 comentários:
Estou fã. E com vontade de deixar a pose e dizer: o poema está enebriante. Retomando a pose de crítica: cada vez encontro seus poemas mais bem sucedidos.
Ah, o negócio é que gostei D+.
Muito lindo o poema Alê!
beijos
criança, chuva e poesia, que encontro mais temporesco e agradável!!!
bjos...
Às vezes, em alguns textos, algumas figuras me prendem a atenção mais que o de costume, e esse "Pipas para sempre perdidas, Infância brevemente reencontrada." é um desses trechos.
Muito bom, tio.
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