Se és capaz de manter a tua calma quando todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
Se és capaz de crer em ti quando estão todos duvidando, e para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso, ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de sonhar sem se tornar um sonhador;
Se és capaz de pensar sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste, e as coisas, pôr que deste a vida, estraçalhadas, e refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, e perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida;
Se és capaz de forçar coração, nervos, músculos, tudo a dar seja o que for que neles ainda existe, e a persistir assim quando, exaustos, contudo resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes e, entre reis, não perder a naturalidade;
Se entre amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
Se és capaz de dar, segundo pôr segundo, ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais,
Tu serás um homem, ó meu filho!
30 outubro 2006
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