21 julho 2008

Fotografias


Nós pairamos, em fotografias,
Como se suspensos e eternamente congelados.
Pairam impressas, no papel retangular,
Memórias e lembranças de um passado.
Fotografias vivas em adornos crespos,
Em preto e branco, em sépia, em cinza.
Nos álbuns de família, registradas.
Festas, casamentos, nascimentos...
Viagens, almoços e aniversários.
Mas faltam folhas de papel vegetal
Entre uma foto e outra.
Hoje, tudo é digital.
Ninguém mais abre as portas
Da velha estante de madeira nobre,
E dentro de enormes caixas,
Revira e volta a reviver a vida
Em folhas soltas de desbotado brilho.
Ninguém mergulha mais
Naquelas caixas abissais
Que na minha infância,
Nas minhas investigações de criança,
Lançavam luzes sobre os meus avós.
E elas seguem em tenebrosa sombra,
Lutando contra o esquecimento e a umidade,
Aguardando que um dia, quem sabe?,
Algum bisneto as venham resgatar

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu trabalho com fotografia e por isso as minhas deste mal nào irão sofrer.


Abraços Rosa