29 novembro 2006

1º de Março



Saudades da 1º de Março, antiga Rua Direita. Do Paço Imperial.

Dos prédios históricos da minha cidade. Do Centro Cultural do Banco do Brasil. Do Palácio Tiradentes. Do conjunto das igrejas do Carmo (Antiga Sé). Poucos são os cariocas que sabem que é lá que se encontram as cinzas de Pedro Álvares Cabral. Será que o sino voltou a tocar? A igreja ainda está sendo reformada? Saudades de olhar a torre e imaginar o som de um sino que não toca desde 1976.

As preces do Zodíaco

ÁRIES (3/21-4/19): "Querido Deus! Dê-me PACIÊNCIA, e eu a quero AGORA"!

TOURO(4/20-5/20): "Deus, por favor, ajude-me a aceitar MUDANÇAS em minha vida, mas NÃO AGORA."

GÊMEOS(5/21-6/20): "Hei Deus... (Ou será deusa?)... Quem é você?... O que é você?... Onde está você?... Quantos de você há? Eu não posso te imaginar!"

CÂNCER (6/21--7/22): "Querido Papaizinho, sei que eu não deveria depender tanto de você, mas você é a Única pessoa com quem eu posso sempre contar, enquanto meu cobertor está sendo lavado."

LEÃO (7/23--8/22): "Oi, Papi! Eu posso apostar como você está realmente orgulhoso em ter a mim como seu filho!"

VIRGEM(8/23--9/22): "Querido Deus, por favor faça do mundo um lugar melhor, e não o destrua como você fez da última vez."

LIBRA (9/23--10/22): "Querido Deus, eu sei que eu deveria tomar minhas decisões sozinho. Mas, por outro lado, o que VOCÊ acha?"

ESCORPIÃO (10/23--11/21): "Querido Deus, ajude-me a perdoar meus inimigos, mesmo que os crápulas não mereçam."

SAGITÁRIO (11/22--12/21): "OH ONIPOTENTE, ONISCIENTE, TODO AMOROSO, TODO PODEROSO, ONIPRESENTE, ETERNO DEUS, SE EU LHE PEÇO UMA VEZ, ESTOU PEDINDO CENTENAS DE VEZES, AJUDE-ME A PARAR DE EXAGERAR!"

CAPRICÓRNIO (12/22--1/19): "Querido Pai, eu estava indo rezar, mas acho que devo descobrir as coisas por mim mesmo. Obrigado de qualquer forma.

AQUÁRIO (1/20--2/18): "Oi, Deus! Alguns dizem que você é homem. Outros dizem que você é mulher. Eu digo que todos nós somos DEUS. Então, por que rezar? Vamos fazer uma festa!"

PEIXES (2/19--3/20): "Pai Celestial, enquanto eu me preparo para consumir este último quinto de scotch para esquecer minha dor e meu sofrimento, possa meu embriagamento servir para aumentar sua Honra e Glória."

Lição de Criatividade

Um cachorrinho perdido na selva vê um tigre correndo em sua direção.
Pensa rápido, vê uns ossos no chão e se põe a mordê-los.

Então, quando o tigre está pronto atacá-lo, o cachorrinho diz:
- Ah, que delícia este tigre que acabo de comer!
O tigre para bruscamente e sai apavorado correndo do cachorrinho, e no caminho vai pensando:
- Que cachorro bravo! Por pouco não me come a mim também!
Um macaco, que havia visto a cena, sai correndo atrás do tigre e conta como ele tinha sido enganado.
O tigre, furioso, diz: - Cachorro maldito! Vai me pagar!
O cachorrinho vê que o tigre vem atrás dele de novo e desta vez traz o macaco montado em suas costas.
Ah, macaco traidor! O que faço agora?, pensou o cachorrinho.
Em vez de sair correndo, ele ficou de costas, como se não estivesse vendo nada. Quando o tigre está a ponto de atacá-lo de novo, o cachorrinho diz:
- Macaco preguiçoso! Faz meia hora que eu mandei me trazer um outro tigre e ele ainda não voltou!

17 novembro 2006

Peculiar?



Peculiar?
É só pra te contrariar.



"Não procureis qualquer nexo naquilo/
que os poetas pronunciam acordados"

(Jorge Lima)


16 novembro 2006

Os Poemas (Mario Quintana)

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Revolta (Vinícius de Morais)



Alma que sofres pavorosamente
A dor de seres privilegiada
Abandona o teu pranto, sê contente
Antes que o horror da solidão te invada.

Deixa que a vida te possua ardente
Ó alma supremamente desgraçada.
Abandona, águia, a inóspita morada
Vem rastejar no chão como a serpente.

De que te vale o espaço se te cansa?
Quanto mais sobes mais o espaço avança...

Desce ao chão, águia audaz, que a noite é fria.
Volta, ó alma, ao lugar de onde partiste
O mundo é bom, o espaço é muito triste...
Talvez tu possas ser feliz um dia.

15 novembro 2006

Conduta para a Vida I

“É muito pobre a vida. Reuni em dez anos um clube ou uma sociedade qualquer de homens inteligentes: se a presença de algum gênio penetrante e apaziguador pudesse dispô-los a franqueza, que confissões de loucura não jorrariam! As “causas” a que sacrificamos, as tarifas ou a democracia, o sistema conservador ou a abolição da escravatura, a temperança ou o socialismo emergiram quais plantas azedas e monstros coléricos; e nossos talentos são tão malfazejos como se cada um de nós tivesse sido apanhado por alguma ave de presa que o levasse longe da felicidade, da verdade, da preciosa sociedade dos poetas, por algum ardor, alguma tendência, e somente quando nos tornamos envelhecidos e sem forças é que o pássaro relaxa suas garras e acordamos para as percepções sãs.”
(Ralph Waldo Emerson)

14 novembro 2006

Haikai


Mãos acenam longos adeuses
E no porto de partida,
Regem partituras de saudades


Eu gosto da distância mais que da constância,
E prefiro algumas ausências às persistências.
A Saudade é por muitas vezes um sentimento interessante.
Lenços brancos acenando num cais de porto
São tão ou mais expressivos que os sons festivos de um reencontro.

Existem alegrias escondidas nas tristezas.
A Saudade é uma delas.
A Felicidade, como alguns a entendem,
É ruidosa demais.
Eu fico com aquela que só fotógrafos e poetas reconhecem...
A silenciosa e dolorosa felicidade de um adeus momentâneo.

13 novembro 2006

INVICTUS (William E Henley)

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

(Tradução de André C S Masini)

Soneto da Saudade (Guimarães Rosa)

Quando sentires a saudade retroar
Fecha os teus olhos e verás o meu sorriso.
E ternamente te direi a sussurrar:
O nosso amor a cada instante está mais vivo!
Quem sabe ainda vibrará em teus ouvidos
Uma voz macia a recitar muitos poemas ...
E a te expressar que este amor em nós ungido
Suportará toda distância sem problemas ...


Quiçá, teus lábios sentirão um beijo leve
Como uma pluma a flutuar por sobre a neve,
Como uma gota de orvalho indo ao chão.
Lembrar-te-ás toda a ternura que expressamos,
Sempre que juntos, a emoção que partilhamos ...
Nem a distância apaga a chama da paixão.

O Corvo (Edgar Allan Poe)



Foi uma vez: eu refletia, à meia-noite erma e sombria,
a ler doutrinas de outro tempo em curiosíssimos manuais,
e, exausto, quase adormecido, ouvi de súbito um ruído,
tal qual se houvesse alguém batido à minha porta, devagar.
"É alguém - fiquei a murmurar - que bate à porta, devagar;
sim, é só isso e nada mais."


Ah! Claramente eu o relembro! Era no gélido dezembro
e o fogo agônico animava o chão de sombras fantasmais.
Ansiando ver a noite finda, em vão, a ler, buscava ainda
algum remédio à amarga, infinda, atroz saudade de Lenora
- essa, mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam Lenora
e nome aqui já não tem mais.

A seda rubra da cortina arfava em lúgubre surdina,
arrepiando-me e evocando ignotos medos sepulcrais.
De susto, em pávida arritmia, o coração veloz batia
e a sossegá-lo eu repetia: "É um visitante e pede abrigo.
Chegando tarde, algum amigo está a beber e pede abrigo.
É apenas isso e nada mais."

Ergui-me após e, calmo enfim, sem hesitar, falei assim:
"Perdoai, senhora, ou meu senhor, se há muito aí fora esperais;
mas é que estava adormecido e foi tão débil o batido,
que eu mal podia ter ouvido alguém chamar à minha porta,
assim de leve, em hora morta." Escancarei então a porta:
- escuridão, e nada mais.

Sondei a noite erma e tranqüila, olhei-a fundo, a perquiri-la,
sonhando sonhos que ninguém, ninguém ousou sonhar iguais.
Estarrecido de ânsia e medo, ante o negror imoto e quedo,
só um nome ouvi (quase em segredo eu o dizia), e foi: "Lenora!
"E o eco, em voz evocadora, o repetiu também: "Lenora!"
Depois, silêncio e nada mais.

Com a alma em febre, eu novamente entrei no quarto e, de repente,
mais forte, o ruído recomeça e repercute nos vitrais.
"É na janela" - penso então. - "Por que agitar-me de aflição?
Conserva a calma, coração! É na janela, onde, agourento,
o vento sopra. É só do vento esse rumor surdo e agourento.
É o vento só e nada mais."

Abro a janela e eis que, em tumulto, a esvoaçar, penetra um vulto
- é um Corvo hierático e soberbo, egresso de eras ancestrais.
Como um fidalgo passa, augusto, e, sem notar sequer meu susto,
adeja e pousa sobre o busto - uma escultura de Minerva,
bem sobre a porta; e se conserva ali, no busto de Minerva,
empoleirado e nada mais.

Ao ver da ave austera e escura a soleníssima figura,
desperta em mim um leve riso, a distrair-me de meus ais.
"Sem crista embora, ó Corvo antigo e singular" - então lhe digo
-"não tens pavor. Fala comigo, alma da noite, espectro torvo,
qual é o teu nome, ó nobre Corvo, o nome teu no inferno torvo!
" E o Corvo disse: "Nunca mais".

Maravilhou-me que falasse uma ave rude dessa classe,
misteriosa esfinge negra, a retorquir-me em termos tais;
pois nunca soube de vivente algum, outrora ou no presente,
que igual surpresa experimente: a de encontrar, em sua porta,
uma ave (ou fera, pouco importa), empoleirada em sua porta
e que se chame "Nunca mais".

Diversa coisa não dizia, ali pousada, a ave sombria,
com a alma inteira a se espelhar naquelas sílabas fatais.
Murmuro, então, vendo-a serena e sem mover uma só pena,
enquanto a mágoa me envenena: "Amigos... sempre vão-se embora.
Como a esperança, ao vir a aurora, ELE também há de ir-se embora".
E disse o Corvo: "Nunca mais".

Vara o silêncio, com tal nexo, essa resposta que, perplexo,
julgo: "É só isso o que ele diz; duas palavras sempre iguais.
Soube-as de um dono a quem tortura uma implacável desventura
e a quem, repleto de amargura, apenas resta um ritornelode
seu cantar; do morto anelo, um epitáfio: - o ritornelo
de "Nunca, nunca, nunca mais".

Como ainda o Corvo me mudasse em um sorriso a triste face,
girei então numa poltrona, em frente ao busto, à ave, aos umbrais
e, mergulhando no coxim, pus-me a inquirir (pois, para mim,
visava a algum secreto fim) que pretendia o antigo Corvo,
com que intenções, horrendo, torvo, esse ominoso e antigo Corvo
grasnava sempre: "Nunca mais".

Sentindo da ave, incandescente, o olhar queimar-me fixamente,
eu me abismava, absorto e mudo, em deduções conjeturais.
Cismava, a fronte reclinada, a descansar, sobre a almofada
dessa poltrona aveludada em que a luz cai suavemente,
dessa poltrona em que ELA, ausente, à luz que cai suavemente,
já não repousa, ah!, nunca mais...

O ar pareceu-me então mais denso e perfumado, qual se incenso
ali descessem a esparzir turibulários celestiais.
"Mísero!, exclamo. Enfim teu Deus te dá, mandando os anjos seus,
esquecimento, lá dos céus, para as saudades de Lenora.
Sorve o nepentes. Sorve-o, agora! Esquece, olvida essa Lenora!"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta! - brado. - Ó ser do mal! Profeta sempre, ave infernal
que o Tentador lançou do abismo, ou que arrojaram temporais,
de algum naufrágio, a esta maldita e estéril terra, a esta precita
mansão de horror, que o horror habita, imploro, dize-mo, em verdade:
EXISTE um bálsamo em Galaad? Imploro! Dize-mo, em verdade!"
E o Corvo disse: "Nunca mais".

"Profeta! exclamo. Ó ser do mal! Profeta sempre, ave infernal!
Pelo alto céu, por esse Deus que adoram todos os mortais
fala se esta alma sob o guante atroz da dor, no Éden distante,
verá a deusa fulgurante a quem nos céus chamam Lenora,
essa, mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam Lenora!"
E o corvo disse: "Nunca mais".

"Seja isso a nossa despedida! - ergo-me e grito, alma incendida.
-Volta de novo à tempestade, aos negros antros infernais!
Nem leve pluma de ti reste aqui, que tal mentira ateste!
Deixe- me só neste ermo agreste! Alça teu vôo dessa porta!
Retira a garra que me corta o peito e vai-te dessa porta!"
E o Corvo disse: "Nunca mais!"

E lá ficou! Hirto, sombrio, ainda hoje o vejo, horas a fio,
sobre o alvo busto de Minerva, inerte, sempre em meus umbrais.
No seu olhar medonho e enorme o anjo do mal, em sonhos, dorme,
e a luz da lâmpada, disforme, atira ao chão a sua sombra.
Nela, que ondula sobre a alfombra, está minha alma; e, presa à sombra,
não há de erguer-se, ai!, nunca mais!

(tradução de Milton Amado - 1943)

08 novembro 2006

Maledicência - Não fales mal de ninguém.

Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.

Qual a razão última dessa mania de maledicência?

É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.

Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.

A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma.

Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.

Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.

São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.

Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros.

Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.

As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.

Falar mal das pessoas, das coisas alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.

A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.

Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras.

Fala-se muito por falar, para "matar tempo". A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.

Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.

Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano.

Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.

Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel.

Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio. São enfermos em demorado processo de reajuste.

Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.

Pense nisso!

Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.

Evitemos a censura.

A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.

Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente.

Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por
envilecer o caráter de quem com isso se compraz.

Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina.

Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, "a boca fala do que está cheio o coração".

(Texto extraído do livro "A Essência da Amizade" – Humberto Rohden* – EditoraMartin Claret).

07 novembro 2006

Vagabundo (Álvares de Azevedo)

Eat, drink, and love; what can the rest avail us?
BYRON, DON JUAN.


Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso,

Nas noites de verão namoro estrelas,
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso...
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas...
E quem vive de amor não tem pobreza.
Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas cavernas do peito, sufocante,
Quando, à noite, na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.
Namoro e sou feliz nos meus amores,
Sou garboso e rapaz... Uma criada
Abrasada de amor por um soneto,
Já um beijo me deu subindo a escada...
Oito dias lá vão que ando cismando
Na donzela que ali defronte mora...
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora...
Tenho por meu palácio as longas ruas,
Passeio a gosto e durmo sem temores...
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.
O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta
E a preguiça a mulher por quem suspiro.
Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua...
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.
Sinto-me um coração de lazzaroni,
Sou filho do calor, odeio o frio,

Não creio no diabo nem nos santos...
Rezo a Nossa Senhora e sou vadio!
Ora, se por aí alguma bela
Bem dourada e amante da preguiça,
Quiser a nívea mão unir à minha
Há de achar-me na Sé, domingo, à missa.
"Quero um olhar que me arrebate o siso,
Me queime o sangue, m’escureça os olhos,
Me torne delirante!"

(Almeida Freitas)

O Pastor moribundo (Álvares de Azevedo)

Os homens temem a morte como as criancas temem ir no escuro;
e assim como esse medo natural das crianças é aumentado por contos,
assim é o outro.
(Francis Bacon)


O Pastor moribundo
Cantiga de viola

A existência dolorida
Cansa em meu peito: eu bem sei
Que morrerei...
Contudo da minha vida
Podia alentar-se a flor
No teu amor!
Do coração nos refolhos
Solta um ai! num teu suspiro
Eu respiro...
Mas fita ao menos teus olhos
Sobre os meus... eu quero-os ver
Para morrer!
Guarda contigo a viola
onde teus olhos cantei...
E suspirei!
Só a idéia me consola
Que morro como vivi...
Morro por ti!
Se um dia tu’alma pura
Tiver saudades de mim,
Meu serafim!
Talvez notas de ternura
Inspirem o doudo amor
Do trovador!

06 novembro 2006

Teus Olhos (Junqueira Freire)

Que lindos olhos
Que estão em ti!
Tão lindos olhos
Eu nunca vi...
Pode haver belos
Mas não tais quais;
Não há no mundo
Quem tenha iguais.
São dois luzeiros,
São dois faróis:
Dois claros astros,
Dois vivos sóis.
Olhos que roubam
A luz de Deus:
Só estes olhos
Podem ser teus.
Olhos que falam
Ao coração:
Olhos que sabem
Dizer paixão.
Têm tal encanto
Os olhos teus!
— Quem pode mais?
Eles ou Deus?


Publicado no livro Poesias Completas (1944). Poema integrante da série Poesias Esparsas.

Se te Amo, Não Sei! (Gonçalves Dias)

Amar! se te amo, não sei.
Oiço aí pronunciar
Essa palavra de modo
Que não sei o que é amar.
Se amar é sonhar contigo,
Se é pensar, velando, em ti,
Se é ter-te n"alma presente
Todo esquecido de mim!
Se é cobiçar-te, querer-te
Como uma bênção dos céus
A ti somente na terra
Como lá em cima a Deus;
Se é dar a vida, o futuro,
Para dizer que te amei:
Amo; porém se te amo
Como oiço dizer, - não sei.
Sei que se um gênio bom me aparecesse
E tronos, glórias, ilusões floridas,
E os tesouros da terra me oferecesse
E as riquezas que o mar tem escondidas;
E do outro lado - a ti somente, - e o gozo
Efêmero e precário - e após a morte;
E me dissesse: Escolhe - oh! jubiloso,
Exclamara, senhor da minha sorte! -

Que tesouro na terra há i que a iguale?
Quero-a mil vezes, de joelhos - sim!
Bendita a vida que tal preço vale,
E que merece de acabar assim!

03 novembro 2006

O Inexorável

Quem já passou dos 30 começa a se tornar saudosista.
Parece se tratar de um processo natural de amadurecimento.
Tudo nós parecia melhor há 15 anos atrás, por exemplo.
E com que freqüência costumamos citar "causos" de uma década como se tivessem acontecido ontem?
A inexorável passagem do tempo torna tudo mais próximo, mais vivaz
Torna-nos mais próximos de nossos diferentes "Eus" deixados para trás
Como se fossemos tomados por uma consciência maior de quem fomos e somos
Ou como diz a letra de uma música que eu gosto:

"O tempo é quem me deu amigos
E esse amor que não me sai
Que doura os campos de trigo
E os cabelos de meu pai."

Recentemente vi fotos há muito guardadas.
Algumas das quais não me lembrava ou mesmo nem sabia que existiam.
Vi o filme de minha infância sendo rodado novamente
E com isso uma nova edição se faz necessária.
De tudo aquilo que eu havia cortado por não lembrar ou por não conhecer.
Vi fotos de bisavôs que não conheci,
De avós que não me viram crescer,
E de ilustres desconhecidos do passado...
Eu, inclusive.

Você nem sempre está com a razão


Relato de Frank Koch em Proceedings, revista editada pelo Instituto Naval Americano.

"Dois navios de guerra, realizando uma missão de treinamento da esquadra, estavam no mar havia vários dias, enfrentando mau tempo durante as manobras. Eu servia no navio líder, e estava de sentinela na ponte ao cair da noite. A visibilidade era quase nula, devido ao nevoeiro, de modo que o capitão permanecia na ponte, atento a todas as atividades.
Pouco depois do escurecer, o vigia da ponte avisou:

- Luz à proa, a boreste.
- Parada ou movendo-se para a popa? - perguntou o capitão.
- Parada, capitão - o vigia retrucou.
Significava que estávamos em perigo, em rota de colisão com o outro navio.
Imediatamente o capitão chamou o sinaleiro:
- Avise aquele navio: estamos em rota de colisão. Altere curso em 20 graus.
- É melhor vocês alterarem o curso em 20 graus. - A resposta veio logo.
- Envie a mensagem: Aqui é o capitão, mude a rota em 20 graus -o capitão retrucou.
- Aqui é um marinheiro de segunda classe. - Foi a resposta. – É melhor vocês alterarem o curso em 20 graus.
- Envie a mensagem: Este é um navio de guerra. Mude o curso em 20 graus - o capitão, àquela altura, já furioso, disse rangendo os dentes.
- Este é um farol terrestre - o homem sinalizou de volta.
Nós mudamos o rumo. "

02 novembro 2006

Ser Poeta

Sônia Menna Barreto - Enxuta - óleo sobre linho [ 22x27cm], 11/1986.

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca)

Epitáfio 1 - Mencheviques

por Charles London em 01 de novembro de 2006

Resumo: O TSE tem razão: o Brasil é tão bom quanto o seu voto!
Bolchevique, agora é a sua vez! Aproveite! © 2006 MidiaSemMascara.org

“O Brasil é tão bom quanto o seu voto. Agora é a sua vez".
Justiça Eleitoral

Ingressamos a partir de 1º de novembro no segundo momento da Revolução Socialista Brasileira. Os líderes dessa Revolução agradecem aos milhões de votos recebidos, aos inúmeros apoios e ao povo em geral, em especial ao Nordeste, que fizeram renascer das cinzas, no Brasil, a Fênix comunista morta no Leste Europeu em 1991. Cumprir-se-á a determinação do Foro de São Paulo fundado por Lula e Fidel Castro neste mesmo ano.

Antes que os desavizadinhos de sempre se insurjam e fiquem vermelhinhos de indignação, já vou dizendo que o fato de isso ter ocorrido sem que o povo tivesse o menor conhecimento, não tem a mínima importância e é típico do processo revolucionário. Além disso, serve como excelente prova da eficácia do desmanche moral e ético do povo destepaish, assim como do colapso da República brasileira. Não seria crível que o povo pudesse escapar de lavagem cerebral com métodos tão precisos. A lenta inculcação anestésica de todos os cacoetes revolucionários na sociedade brasileira, perpetrada pela ação conjunta e afinada de exércitos de intelectuais, jornalistas, políticos, partidos políticos, igrejas e empresários, que cerraram fileiras em torno das grandes mentiras socialistas como justiça social, cidadania, distribuição de renda, direitos humanos, democracia (vocês já ouviram esse slogans da fase menchevique) – produziu seus efeitos. Impossível também esquecer o papel estratégico do melhor Cavalo de Tróia bolchevique: a Constituição de 1988, a inventora do impeachment para os “inimigos” –, aquela que não bota ninguém da esquerda na cadeia!

Os líderes dessa Revolução então são gratos à memória de Trotski, Lenin, Stalin, Mao e, por que não, ao mestre do PT, o inventor do método: Hitler. Sem eles como inspiradores, jamais teriam implantado o Comunismo no Brasil em seu pleno direito e em apenas vinte anos! E pela via democrática!

O povo brasileiro, portanto, está convidado, já que comprou o convite, para o ingresso no segundo e grandioso momento da Revolução: a etapa bolchevique. Explico-me, para quem tem dificuldades com alguns conceitos.

O que tivemos até agora foi a etapa social-democrata ou menchevique da Revolução: uma simples preliminar antes da grande cena bolchevique. A social-democracia brasileira hoje se sente como o Dr. Victor Frankestein: incapaz de controlar a sua criatura e este monstro hoje está representado em todos os partidos. Mas, como ela foi valiosa e útil aos seus patrões bolcheviques, para satanizar a direita, eliminar seus adversários com calúnias, renomeando-os “inimigos”, produzir impeachment de indesejáveis e deixar que fossem arruinadas reputações e carreiras com mentiras sórdidas! Em breve os mencheviques serão descartados por desnecessários, senão para os momentos das aparências teatrais no Congresso e em outras instituições e, é claro, para as próximas eleições. Eles contam com você, Aecinho!

A transição para o regime plenamente bolchevique era inexorável depois da longa preparação social-democrata. Temos que reconhecer que eles cumpriram sua missão histórica de bons mencheviques. E foram bons nisso: nos acostumaram com os crimes do MST; nos acomodaram às parcerias cada vez menos ocultas com organizações terroristas estrangeiras; nos entupiram de ódios raciais estrangeiros; degeneraram a família e a juventude via televisão; destruíram a segurança individual e muito fizeram pela erradicação da religião e da Educação sadia. Como bons mencheviques nos ensinaram a odiar americanos, militares e a desconfiar das polícias, mas rasgar dinheiro americano, ah, isso não!

Para ser mais didático neste espaço tão exíguo – afinal, não sou comunista e não disponho de espaço maior na mídia do que este –, resumirei o final do processo revolucionário. A fase bolchevique é caracterizada por desapropriações; por ameaças cada vez mais sérias e perigosas para a propriedade privada e à vida dos kulaks (os fazendeiros e criadores); pela censura militar da imprensa; pelo adestramento total da Justiça; pela intimidação física e processual dos “inimigos” através de ações judiciais e, finalmente, pelas ações de bandoleiros acobertados por conceitos gerados na etapa anterior. As ações terroristas de Estado caracterizam o regime totalitário, e todo Estado totalitário tem suas milícias armadas e violentas. Você já conhece alguns desses métodos e dessas milícias, e os conhece bem de perto.

Para quem não sabe, o bolchevique padrão foi Lenin. Foi dele a estratégia de mentir e sempre imputar ao “inimigo” exatamente o que eles, bolcheviques, faziam. Com isso conseguiam resultados surpreendentes na “justiça” e nas demais instituições “sólidas”. Negar o óbvio é a sua arma mais poderosa. Como a mulher da peça de Nelson Rodrigues, surpreendida nua e na cama com um homem, e que negava veementemente o que fazia, negar, negar, negar, é uma segunda natureza do bom comunista! A primeira é mentir, mentir, mentir, até que a mentira se transforme em verdade.

Trotski foi outro líder inestimável. Ídolo da senadora Heloisa Helena e de Che Guevara, ele tinha de Lenin a licença para matar, claro, com a ternura indefectível de um bom comunista. “Justiça social” e “povo no poder” eram slogans trotskistas. Foram a origem de todos os “movimentos sociais” brasileiros, é claro, com a benção apostólica da CNB do B.

Em outro epitáfio escreverei mais sobre os bolcheviques. Então, parabéns ao povo brasileiro, ou à sua metade maior. Seja feliz nas suas correntes! A outra metade menor que se recusa a ser enganada vai penar em silêncio em respeito à ignorância do maior número. O que importa é que o Brasil que resultou de tudo isso é um país dividido pelo medo, pela ignorância e pela mentira; a mentira com as pernas mais compridas que se conhece! É muito mais do que a divisão de ricos e pobres, como andam dizendo.

O Comunismo ou Socialismo (a diferença é apenas acadêmica) costuma ter vida longa. O Socialismo dura muito, mas como está no Brasil, poderá ser também destruído pelo demônio da corrupção. Como os alienígenas do filme Guerra dos Mundos, ele corre risco mortal com as bactérias do dinheiro e da vaidade! Isso o ameaça muito mais do que qualquer eleiçãozinha regular da etapa menchevique!

O TSE tem razão: o Brasil é tão bom quanto o seu voto! Bolchevique, agora é a sua vez! Aproveite!

fonte:

Os Dez Mandamentos do Inovador

Charlton Heston em Os Dez Mandamentos (1956)

I. VIVEI PRAZEROSAMENTE

A pessoa que não vive com todos os "parafusos na cabeça atarraxados ao último" tem espaço para brincar consigo mesma, com os outros e com suas próprias idéias. A alegria oxigena o cérebro e traz em si o gosto pela aventura.

II. SEDE VISIONÁRIO

Três pedreiros estavam trabalhando quando um turista perguntou a cada um deles o que estavam fazendo. O primeiro respondeu que assentava tijolos, o segundo disse que fazia uma parede e o terceiro afirmou que estava construindo uma catedral. Seja construindo uma catedral ou uma organização, a habilidade de imaginar o resultado final pode, de fato, transformar sonhos em realidade.

III. FAZEI ALGO DIFERENTE

Insanidade é o que chamo de fazer uma determinada coisa como sempre foi feita e esperar um resultado diferente. Se quisermos ser ou ter algo melhor no próximo momento, devemos tentar agora um pouquinho diferente do que fizemos no passado.

IV. DEIXAIS ACONTECER. NÃO FIQUEIS VOS OBSTACULIZANDO!

O maior empecilho do nosso "eu experimental" é o "eu segurança". Os dois são importantes, porém cada um no seu devido momento. Imagine o que seria dirigir o automóvel com o freio de mão puxado.

V. QUE SE DANE, TOMAI RISCOS!

"Os homens prudentes adaptam-se ao mundo que está a sua volta. Os outros esperam que o mundo se adapte a eles. Por isso mesmo todo progresso é conseguido por estes últimos". George Bernard Shaw.

VI. PENSAI GRANDE!

Imagine qual seria sua resposta à seguinte pergunta: "Se nada fosse impossível, como eu gostaria que tal coisa acontecesse?" A partir daí, e só depois de vislumbrar toda floresta, é que você deveria começar com a análise das arvores.

VII. RECONHECEI E VALIDAI VOSSOS SUCESSOS!

A capacidade de auto-estima pelo que conseguimos realizar de criativo é o maior combustível da próxima empreitada. Isto reafirma a crença em nossa capacidade, estimulando e encorajando nossas atividades como essa.

VIII. ESPERAI PELO "INESPERADO"!

Se você leu este mandamento com atenção, vai notar que o inesperado pode contribuir para o aprendizado. No processo inovador só uma coisa é certa. Que não existe certeza de nada, pois aquele caminho ainda não foi trilhado. É claro, são os pioneiros que estão sujeitos às "flechadas", más também são eles que tomam "a posse do território".

IX. DAI SUPORTE! RECEBEI SUPORTE!

Pessoas são o melhor recurso disponível. Aproveite as que estão ao seu lado. Esteja ao lado delas.

X. AGI IMEDIATAMENTE!

Se há alguma coisa que diferencia claramente as pessoas de sucesso é a sua capacidade de tomar ação. São elas que fazem o mundo andar. As coisas acontecem mesmo quando nem tudo ainda parece estar pronto para aquilo. A ação gera um efeito que causa a mudança de direção que por sua vez vai moldando o destino. E então o que é o destino senão as diversas mudanças de direções que sua vida vai sofrendo ao longo dela mesma e que um dia foram iniciadas por uma ação?

Agora o PT quer 'aparelhar' a OAB

A Ordem dos Advogados do Brasil tem identificado uma ação organizada pelo PT, junto a várias de suas 27 Seccionais nos Estados, com o objetivo de aproveitar as eleições que ocorrerão este mês, em todo o País, para "aparelhar" a entidade. Diante disso, o Colégio de Presidentes de Seccionais, reunido hoje em Salvador, na Bahia, emitiu nota enérgica de advertência aos candidatos. A nota, assinada pelo presidente nacional da OAB, Roberto Busato, alerta que o compromisso histórico da entidade é com a cidadania e a advocacia brasileiras, não devendo se envolver com questões político-partidárias. É a seguinte a íntegra da nota da OAB:

"O Colégio de Presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil, tendo em vista o processo sucessório nas suas seccionais em todo o país, neste mês de novembro, adverte para o perigo de partidarização e ideologização do pleito. A OAB, a Casa do Advogado, é instituição plural e apartidária, voltada para a defesa da cidadania, da República e do Estado democrático de Direito. Nossa força moral, como instituição, deriva exatamente dessa isenção partidária, historicamente observada. Temos compromisso com o processo político, mas sem vínculos com facções ou grupos ideológicos e acima do varejo das disputas partidárias. Nossa ideologia é o cidadão e nosso compromisso é com a Pátria e a integridade das instituições republicanas. Nesses termos, apelamos para o bom senso e o compromisso institucional dos candidatos e de seus adeptos no sentido de que zelem por esses fundamentos, que fazem parte de nossa melhor tradição - e respondem pelo respeito de que desfrutamos perante a sociedade brasileira e as autoridades constituídas. Os temas pertinentes às campanhas eleitorais da OAB são aqueles que envolvem as causas da advocacia e da cidadania brasileiras".

01 novembro 2006

O que importa de verdade


Sapateiro do Vale do Rio dos Sinos 1993
Óleo sobre tela, 82 x 70 cm.

Jean passeava com seu avô por uma praça de Paris. Em determinada altura, viu um sapateiro sendo destratado por um cliente, cujo calçado apresentava um defeito. O sapateiro escutou calmamente a reclamação, pediu desculpas e prometeu refazer o erro.

Pararam para tomar café num bistrô. Na mesa ao lado, o garçom pediu a um homem que movesse um pouco a cadeira para abrir espaço. O homem irrompeu numa torrente de reclamações e negou-se.

– Nunca esqueça o que viu – disse o avô para Jean. – O sapateiro aceitou uma reclamação, enquanto este homem ao nosso lado não quis mover-se.

Os homens úteis, que fazem algo útil, não se incomodam de serem tratados como inúteis. Mas os inúteis sempre se julgam importantes e escondem toda a sua incompetência atrás da autoridade.

O Teu Riso (Pablo Neruda)

Grace Kelly

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe o céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos

mais escuros solta
o teu riso e se de súbito

vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Belo Presente


Morales: Se fosse Lula, presentearia a Bolívia com refinarias

Seria melhor devolver o Acre e pegar os cavalos de volta.

Para quem não sabe ou não se lembra o presidente da Bolívia, Erro Morales, citou certa vez que o Brasil comprou o Acre com um cavalo branco. O Acre, ocupado por brasileiros que viviam da extração da borracha, pertence ao Brasil desde 1903. Pela área, o Brasil pagou dois milhões de libras esterlinas e construiu a estrada de ferro Madeira-Mamoré para escoar os produtos bolivianos. A ferrovia foi um verdadeiro desastre e ficou conhecida como a Ferrovia do Diabo pois morreram cerca de 6 mil operários. Recentemente a TV Globo exibiu a história da ferrovia na minissérie Mad Maria.

Em todo caso, a história como aconteceu é a de que o consul brasileiro na Bolívia, Regino Correa, conhecendo a paixão do presidente Melgarejo por cavalos, antes mesmo de iniciar as negociações de limites entre os dois países no período da Guerra do Paraguai, o condecorou com uma medalha e lhe deu de presente um casal de lindos cavalos brancos de raça. Portanto não foi apenas um único cavalo, foram dois. Se ainda estiverem vivos, aceitamos a devolução.

Contam que o Presidente boliviano ficou tão feliz com o presente recebido que na hora da negociação deu de presente para o Brasil dois dedos de terra marcados no mapa, uma vez que se tratava de terras despovoadas. Com isso, a linha divisória, que a partir de 1750 era reta, passou a ser oblíqua, dando origem à linha imaginária conhecida hoje como Linha Cunha Gomes.

Entretanto, essas terras ao norte da linha oblíqua Cunha Gomes, não pertencem ao Acre, mas hoje fazem parte do território do Estado do Amazonas. Sendo que as terras ao sul da linha Cunha Gomes foram conquistadas pela luta dos brasileiros do Acre durante a Revolução Acreana e legalmente anexadas ao Brasil através do Tratado de Petrópolis (1903), assinado com a Bolívia, e do Tratado do Rio de Janeiro (1909), assinado com o Peru.

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